Difícil
Só pode ter “gato na tuba” para explicar – ou não – a demora para a posse do vereador Marcos Ferreira (União Brasil) como titular da Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária de Pelotas.
A ascensão de Marcola ao cargo é fruto de longa e forte negociação entre o governo e os vereadores da oposição e seus interlocutores. A oposição tem folgada maioria na Câmara.

O prefeito Fernando Marroni (PT) convidou Ferreira para ser secretário, antes de sua posse no cargo, mais precisamente no dia do aniversário do vereador, em novembro.
De lá para cá, quase tudo aconteceu. E as relações convergem. O governo – PT e PSoL – discutiram e avaliaram a situação. A vereadora Fernanda Miranda (PSoL), no Carnaval, foi flagrada pela Brigada Militar portando dois cigarros de maconha.
Encaminhada representação à Comissão de Ética e Prerrogativas, o processo foi instalado, depoimentos colhidos.
O presidente da Comissão é o vereador Jurandir Silva (PSoL) que, de início teve sua situação questionada por ser companheiro de partido de Miranda. O relator é o vereador Marcola e o revisor o vereador Michel Promove (PP).
Em seu relatório, Marcos Ferreira pede a suspensão do mandato da vereadora por 60 dias. Na mesma linha deve ser a posição do vereador/relator.
Mudança
O governo não concorda. Não quer a suspensão. Através da secretária de Governo, Míriam Marroni (PT) e do secretário de Planejamento, Salvador Martins (PT), indicam o “sim” para advertência.

Também apontam que a maioria dos 21 vereadores está com indicações de cargos no Executivo. É o pacote de até R$ 44 mil em salários para divisão entre os indicados.
Nas reuniões de avaliações do governo nas segundas-feiras pela manhã, a situação é discutida. Numa delas, Fernanda Miranda questionou a entrega da Habitação para Marcola.

Em recente conversa com o vereador, o prefeito Fernando Marroni (PT) lhe disse que queria vê-lo no cargo em 3 de novembro, segunda-feira.
Pode ser o seu desejo mas não, por exemplo, de Salvador Martins. Além da questão que envolve Fernanda Miranda, o secretário quer que Marcola assuma sem ter seus assessores definidos.
A proposta é “assume que depois a gente vê”, com o que não concorda o vereador. Escaldado em situações similares e outras, Ferreira quer o cumprimento do acordo e levar consigo, entre três e cinco de seus principais assessores desde o início.
Decisão
A situação está posta e a solução pode ser fácil ou difícil. As duas passam por Fernando Marroni.
A primeira é fazer valer a autoridade do cargo para o qual foi eleito e bancar a posse de Marcos Ferreira em 3 de novembro.

Se assim agir ele estará, em tese, em rota de conflito com os dois principais partidos do governo e vereadores da base.
Se assim agir, não estaria, de pleno, cumprindo o acordo firmado com a oposição que, certamente, teve seu aval.
Fácil ou difícil.

